terça-feira, 22 de setembro de 2015

Maze Runner: prova de fogo -- Primeira crítica

A primeira crítica é de uma franquia baseada em filme que, em princípio, será uma trilogia (a não ser que repitam o erro de outras obras ao dividir o capítulo final). O primeiro episódio é muito agradável, o segundo, decepcionante. Trata-se de "Maze Runner: prova de fogo".

O primeiro filme é mais coeso como um todo, pois os ingredientes são inseridos com parcimônia, em especial suspense e ação. O segundo perdeu a moderação e utilizou demasiadamente alguns temperos, em detrimento de outros. Aumentou o romance, mas sem convencer. Aumentou (e muito!) a ação, mas em demasiado. Foi a história que sofreu danos drásticos: de um lado, analisando o filme isoladamente, o mistério persiste e são poucos os acontecimentos relevantes (mas não as cenas de ação, caso ainda não tenha sido mencionado); de outro - e é aqui, provavelmente, seu maior problema -, analisando o filme dentro da saga, o avanço em relação ao primeiro foi ridículo. Isso pode significar um grand finale, pois injetar adrenalina à força no episódio intermediário pode ter sido a opção para fugir da monotonia, que é consequência natural da ausência de um desfecho. Mas a história é tão tímida que o filme não consegue não decepcionar.

Outro problema se refere a Thomas, protagonista vivido por Dylan O'Brien: ele é exageradamente perfeito. É bem verdade que as dúvidas dos outros sobre Thomas persistem (o que ele diz não é lei), aliás, até as dele sobre si ainda estão lá. Todavia, Thomas é tão impecável que isso acaba incomodando e ofuscando os demais - exceto Thomas Brodie-Sangster, que tem talento (e sotaque) de sobra. Os coadjuvantes sabem bem que são coadjuvantes e que o filme é "o filme do Thomas". Alguns espasmos eventuais, nada de destaque.

Ainda nos defeitos, o vilão é risível. A falha do roteiro impede ao ator dar à personagem maior vida, reduzindo-o a correr (mais um runner!) atrás de Thomas.

Mas não é só de defeitos que "Maze Runner 2" vive. A dose alta de adrenalina, embora tenha prejudicado o enredo, não chega a ser desagradável, nem cansativa (estilo Michael Bay, só que ao contrário). E são cenas razoavelmente bem feitas, com efeitos competentes - nada de mais, nem de menos.

De todo modo, a discussão que o filme invoca é muito interessante e relevante: até que ponto um grupo pode ser sacrificado para o benefício da coletividade? É o único filme pós-apocalíptico realístico (ou seja, não exageradamente fantasioso... ou talvez nem tanto nesse segundo filme) que expõe esse debate. Os sempre comparados "Jogos vorazes" e "Divergente" têm um eixo diverso. É essa singularidade que garante a "Maze Runner" um algo a mais e que o impede de se tornar ruim. O conflito agonia de alguns versus alívio de muitos é a mola propulsora de toda a obra, o que acaba se tornando benéfico para o cinema. Não é futilidade, muito embora seu público-alvo seja (prioritariamente) de adolescentes.

As personagens correm sem sair do lugar, é verdade. E é por isso que o episódio fica aquém das expectativas. Mas, além de boas sequências, a base do plot é ótima. Os ingredientes são bons, o resultado não pode ser ruim.

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