segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Maze Runner: A Cura Mortal -- A franquia mortal

O primeiro tinha suas virtudes. O segundo foi muito fraco. O terceiro é um descalabro. Infelizmente, MAZE RUNNER: A CURA MORTAL não cura o declínio da saga, mas mata uma franquia quase promissora.

O protagonista Thomas agora lidera o grupo de clareanos para fugir da CRUEL. Porém, sua última missão consiste em invadir a última cidade, controlada pela CRUEL, onde outros estão presos. E o argumento é apenas esse. Nenhum diretor salvaria um roteiro tão ruim.

O roteiro é ruim por diversas razões, a principal delas é que sobrevive à base de deus ex machina, sendo inteiramente construído dessa forma. Diante das mais labirínticas intempéries que Thomas encontra, a solução é sempre encontrada em fatos alheios, imprevisíveis, inesperados e externos. É a marca registrada de um roteiro mal feito. Então o plot aproveita e coloca personagens enigmáticas, que, a bem da verdade, não agregam. É esse o caso de Lawrence, que, apesar de estar envolvido em um plot twist, poderia ser retirado sem prejuízo na trama. A reviravolta surpreende - é um mérito que precisa ser reconhecido -, todavia, a ausência de explicação é vexatória. Possivelmente o livro resolve essas questões (explica o plot twist e dá um propósito maior a Lawrence), mas fato é que, no filme, isso tudo fica insatisfatório.

É por isso que fica difícil censurar a direção de Wes Ball, que nem é ruim. Com o orçamento de mais de oitenta milhões de dólares, difícil esperar algo diferente de muito "tiro, porrada e bomba" (ainda assim, em quantidade infinitamente menor que nas pérolas do insuperável Michael Bay). De todo modo, o visual não é de todo ruim, como nas cenas de alucinações de Minho, nas quais o diretor une tensão e verossimilhança - dentro daquela diegese fantasiosa, é claro. O design de produção da cidade é bom e faz referência a tudo que se viu de cidades futurísticas, não decepcionando. Não obstante, o longa tem duas horas e vinte de duração, o que permite concluir facilmente que é um filme extremamente cansativo. Nesse sentido, o prólogo é emblemático ao resumir a película: inspirada em "Mad Max", a sequência está mais no nível de "Acquaria" (aquele clássico do cinema nacional com a Sandy), não conseguindo passar a impressão, em momento algum, de que algo vai dar errado, tornando-se tediosa, previsível e sem emoção - contudo, a estética não é de todo ruim. Esse adjetivo é mais adequado à cena do túnel com os cranks, repleta de clichês e obviedades, abusando da maquiagem e da música de tensão.

O elenco é praticamente o mesmo do anterior. O Thomas de Dylan O'Brien é o herói sem desvios morais, que pode errar apenas dentro da sua própria impecabilidade, no espírito de salvar o mundo. Muito mais interessante é Newt, vivido por Thomas Brodie-Sangster, não apenas por este ser um ator melhor, mas porque a personagem representa a nobreza e a razão, o braço direito que todo líder possui para apoiá-lo quando está certo e para mostrá-lo o melhor caminho quando está errado. É uma personagem arquetípica, mas sua sabedoria extraordinária (quando comparada à dos demais) se torna uma virtude muito mais atrativa, em especial em razão dos acontecimentos desse capítulo. Kaya Scodelario foi um equívoco de escalação: Teresa é a personagem que mais move a trama, mas a atriz é irritantemente inexpressiva. Pior é pensar que o elenco conta com Rosa Salazar, que, com menos tempo de tela (e com uma personagem muito menos útil), demonstrou maiores habilidades cênicas. Mas também não faz muita diferença, já que o principal vilão, Janson, é interpretado por Aidan Gillen, que, ao menos nesse papel, é pavoroso. A melhor notícia do encerramento da franquia é que, com sorte, sua desprezível expressão de "olha como eu sou mau" não será vista novamente tão cedo.

Com um 3D medíocre, MAZE RUNNER: A CURA MORTAL se despede sem deixar boas lembranças. É mais uma distopia juvenil que deu errado ("Divergente" mandou lembranças) e que talvez indique que essa área não é tão segura quanto pode parecer. É melhor que os estúdios escolham com maior esmero os livros a serem adaptados - ou os adaptem melhor - da próxima vez. A escolha pode ser mortal para uma franquia.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Estreias da semana -- 25/01/2018

A semana tem dois filmes constantes no Oscar (um deles indicado a Melhor Filme) e um grande blockbuster. É uma ótima semana!


MAZE RUNNER - A CURA MORTAL
Ficção científica juvenil distribuída pela Fox, capítulo final da franquia.
SinopseThomas embarca em uma missão para encontrar a cura de uma doença mortal.


VISAGES, VILLAGES
Documentário francês distribuído pela Fênix Filmes.
SinopseO documentário mostra a jornada de duas grandes pessoas conhecidas por questionarem a cultura da exibição das imagens: Agnès Varda, cineasta, e JR, fotógrafo e criador de galerias e exposições fotográficas ao ar livre.


ARTISTA DO DESASTRE
O filme, indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, já recebeu crítica minha aqui no Recanto! Clique aqui para ler.


SEM FÔLEGO
Drama estadunidense dirigido por Todd Haynes (o mesmo de "Carol", aquele romance com Cate Blanchett e Rooney Mara).
SinopseBen e Rose são crianças de duas eras distintas que desejam vidas diferentes. Ben anseia pelo pai desconhecido, enquanto Rose sonha com uma atriz misteriosa. Quando Ben descobre uma pista e Rose lê uma manchete no jornal, ambas as crianças partem em suas jornadas.


THE POST - A GUERRA SECRETA
O filme, indicado em duas categorias no Oscar - Melhor Atriz (Meryl Streep) e Melhor Filme -, já recebeu crítica minha, publicada no Cinema com Rapadura! Clique aqui para ler.


ENCOLHI A PROFESSORA
Comédia coproduzida por Alemanha e Áustria, distribuída pela Mares/Alpha Filmes.
SinopseA história de um garoto de 11 anos de idade que encolheu a detestada professora da escola.


PEIXONAUTA - O FILME
Animação brasileira.
SinopseQuando o Dr. Jardim não retorna da cidade, Peixonauta, Marina e Zico partem para resgatá-lo. Mas quando chegam lá, algo muito estranho está acontecendo: todos na cidade sumiram! Para conseguir solucionar esse mistério, Peixonauta terá que contar com a ajuda de todos seus amigos.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Artista do Desastre -- O excêntrico Tommy Wiseau

De plano ambicioso para o insucesso retumbante, tornando-se um acidente cult. Anos depois, a história de Tommy Wiseau retorna aos cinemas (agora no plural, na verdade) e chega a ser indicada ao Oscar (na categoria de melhor roteiro adaptado). Verdade seja dita: o fracasso não faz mais parte da sua vida, mesmo que de uma maneira heterodoxa. Aliás, de heterodoxia ele entende, o que fica perceptível em ARTISTA DO DESASTRE.

O filme retrata a amizade entre Greg e Tommy, dois alunos de atuação que, no final dos anos 1990, em São Francisco, se mudam para o apartamento de Tommy em Hollywood para alcançar o estrelato. Farto das rejeições na indústria, Tommy decide produzir, dirigir, roteirizar e protagonizar seu próprio longa-metragem, convidando Greg para ser seu principal coadjuvante.

Mais uma história real que vira filme, porém, aqui há uma metalinguagem muito intensa no roteiro, o que o torna muito peculiar - idiossincrasias não faltam a tudo que envolvem Tommy Wiseau, já é perceptível. O script se baseia em um livro, escrito por Greg, que relatou os episódios que cercaram a produção do filme produzido, dirigido, roteirizado e protagonizado por Tommy (primeiro nível metalinguístico: fonte). Por sua vez, no filme, aparecem cenas de filmagem, mostrando os bastidores da produção (segundo nível metalingístico: referências da fonte), bem como cenas do elenco do longa atual imitando o longa original, isto é, simulando tratar-se de uma gravação real (terceiro nível metalinguístico: referência paralela). Aliás, é admirável a fidelidade ao original: "The Disaster Artist" (2017) imitou as cenas de "The Room" (2003) com precisão cirúrgica (o comparativo aparece no final). Ainda na metalinguagem, as duas personagens principais se inspiram em James Dean e sua trajetória artística (quarto nível metalinguístico: espelhamento real).

Dean é usado como exemplo de persistência: não se deve desistir dos sonhos almejados, ainda que sejam incontáveis as negativas seguidas. E o filme é justamente sobre isso: a (im)possibilidade de concretizar o que se deseja. Querer e poder são sinônimos? Quem acredita sempre alcança? A crença é suficiente para alcançar um objetivo? Somos livres para sonhar? O grande mérito da película, em especial de seu roteiro, é que inevitavelmente leva a essa reflexão e, mais ainda, em um nível mais profundo que a maioria dos outros: qual a solução para quem não enxerga onde erra? O caso de Tommy é exatamente esse, pois ele está, ainda que não saiba, desnorteado. Há uma cena em que ele se revela desesperado diante de um influente produtor de Hollywood e chega a afirmar que seguiria qualquer orientação por uma chance, bastaria que o produtor dissesse o que era necessário que ele fizesse. Em síntese: se a pessoa não sabe o que lhe falta para alcançar seu sonho, qual a solução? Entre insistir e desistir, o filme propõe o debate enquanto uma pergunta retórica.

Entre algumas participações especiais surpreendentes e alguns nomes conhecidos que aparecem muito pouco (como Josh Hutcherson de "Jogos Vorazes" e o comediante Seth Rogen), os irmãos Franco servem como uma luva para interpretar os amigos Greg e Tommy (inclusive pela aparência física, muito em razão da caracterização, já que James não costuma ter um visual vampiresco). Dave Franco vive Greg: o ator é razoável, já tendo feito alguns bons trabalhos, mas nada digno de nota. Quem realmente se dá bem é seu irmão James Franco como Tommy, que é um verdadeiro superlativo: mais velho, mais rico, mais nonsense, mais impulsivo. Porém, Greg é mais talentoso e, consequentemente, mais promissor, o que pode incomodar seu amigo. Quando se juntam, o mais novo aprende com o mais velho, tornando-se também impulsivo, até por tentar agradá-lo, então, por exemplo, faz uma viagem um pouco longa à noite e larga a sua vida para um recomeço em outra cidade. Os dois são muito diferentes e Tommy é difícil de lidar, mas Greg aprende rápido a driblar seu jeito esquisito.

A bem da verdade, esquisito é um adjetivo pequeno para definir alguém tão "único" (esse é um adjetivo usado no próprio filme). Tommy é excêntrico, isso sim: tem seu próprio planeta, se recusa a falar sobre a própria vida, jura de "mindinho", dentre outras esquisitices. É por isso que, quando vai produzir seu filme e mostra não entender nada sobre o tema - ao invés de alugar uma câmera, decide comprar; ao invés de "filmar em 35 ou HD", decide filmar nas duas -, isso se torna normal. Ironicamente, Greg fica fascinado no começo, dizendo para sua mãe que ele é um bom amigo e que está sendo cuidado por ele. Mesmo quando a conversa com a mãe parece que vai tomar um viés mais dramático, não é essa a vocação do longa, que é inafastavelmente uma comédia. Claro, com uma personagem assim envolvida, seria um desperdício não ter humor. Existem várias cenas genuinamente cômicas, como a do ensaio na lanchonete, a que a mãe de Greg conhece Tommy (uma das melhores!) e a dos testes para o elenco do filme. É por isso que as temáticas sérias são abordadas superficialmente, como sua obsessão pela traição e sua rejeição ao papel de vilão. Porém, não se pode deixar de lado a ótima atuação de James Franco, que faz um overacting necessário, como na cena hilária em que a personagem tenta perder o sotaque. A dicção que Franco dá a Tommy é engraçada por si só, parecendo que tem sempre algo na boca, dando uma sonoridade anasalada à fala.

Para alguém não muito experiente na área, James Franco não vai mal como diretor, ainda que seja muito melhor ator. Seu grande acerto é a entrada triunfante da personagem que interpreta, fazendo um pequeno suspense para mostrar seu rosto, até inserir uma cena intensa, ainda que praticamente ininteligível. A mise en scène não é ruim, o que se percebe do apartamento de Tommy em São Francisco, enfatizando seu narcisismo (exagero nos autorretratos) e o descaso com a organização do local, totalmente distinto do outro apartamento, muito mais organizado, já que não é ocupado.

Um erro da produção é acabar sendo maniqueísta, fazendo de Greg um mártir e de Tommy o vilão que ele nunca quis ser. Este até recebe algumas perspectivas mais cinzentas, mas aquele certamente é pintado como vítima deste, o que soa simplista, já que a interação entre eles sempre foi por opção. Isto é, Greg se aproximou de Tommy (e fez tudo mais) porque quis, tendo a chance, inclusive, de rejeitar a proposta de participar de "The Room". Nada disso apaga, contudo, a reflexão central do longa, já mencionada. É algo sobre o que vale a pena pensar após se divertir com o excêntrico Tommy Wiseau.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

The Post - A Guerra Secreta -- Cinema com Rapadura

Clique aqui para ler no Cinema com Rapadura a minha crítica de THE POST - A GUERRA SECRETA, filme que tem no elenco ninguém menos que Meryl Streep e Tom Hanks e que é dirigido pelo aclamado Steven Spielberg.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Estreias da semana -- 18/01/2018

A semana tem uma grande estreia, apenas, que é "Me Chame Pelo Seu Nome". O resto é de qualidade duvidosa ou sessão tortura. Salvo, talvez, o terror "Sobrenatural - A Última Chave", que tem a possibilidade de agradar a quem gosta do gênero.


CORRENDO ATRÁS DE UM PAI
Comédia dramática distribuída pela Paris Filmes, com grandes nomes no elenco (Owen Wilson, Ed Helms, J. K. Simmons, Ving Rhames, Christopher Walken e Glenn Close).
SinopseQuando irmãos gêmeos descobrem que sua mãe mentiu sobre o falecimento de seu pai, os dois decidem cair na estrada para encontrá-lo.


GABY ESTRELLA - O FILME
Filme brasileiro catalogado oficialmente como do "gênero" infantil. Maitê Padilha (?) é quem (quem?) o estrela.
SinopseA jovem cantora Gaby Estrella está perdendo espaço no cenário musical para a concorrente Natasha. Para voltar às paradas de sucesso, a menina vai precisar voltar às suas origens na cidade de interior Vale Mirim. Lá, Gaby vai ter que se acostumar novamente com a vida na fazenda.


SOBRENATURAL - A ÚLTIMA CHAVE
Terror estadunidense distribuído pela Sony.
SinopseNeste quarto filme da franquia Sobrenatural, a doutora Elise Rainier é chamada para resolver o caso de uma assombração no Novo México, localizada na casa em que ela passou a infância.


ME CHAME PELO SEU NOME
Filme imperdível, obrigatório para qualquer cinéfilo e para qualquer pessoa que goste de um bom romance. Coprodução entre França, Itália, Estados Unidos e Brasil que certamente será indicada em algumas categorias do Oscar (filme, ator, direção e roteiro adaptado são muito prováveis). Aliás, isso apenas reafirma sua menção (e suas vitórias) em outras premiações, bem como sua aclamação pela crítica internacional.
Pois bem, a minha crítica dessa sensacional obra foi publicada no Cinema com Rapadura - basta clicar aqui para ler.


PELA JANELA
Drama coproduzido entre Brasil e Argentina.
SinopseRosália é uma operária que dedicou a vida ao trabalho em um fábrica de reatores da periferia de São Paulo. Quando é demitida, seu irmão a consola e ele resolve levá-la em uma viagem de carro até Buenos Aires. No país vizinho, Rosália vê pela primeira vez um mundo desconhecido e distante de sua vida cotidiana. 


OS INICIADOS
Drama coproduzido entre vários países (África do Sul, Alemanha, Holanda e França) distribuído pela Zeta Filmes.
SinopseXolani, um solitário operário, ausenta-se de seu trabalho para ajudar nos ritos de circuncisão Xhosa de iniciação à masculinidade. Em um remoto acampamento em uma montanha, jovens se recuperam enquanto aprendem os códigos masculinos de sua cultura. Neste ambiente de machismo e agressão, Xolani cuida de Kwanda, um rebelde novato de Joanesburgo, que questiona os códigos patriarcais de iniciação.


SAUDADE
Documentário coproduzido entre Brasil, Portugal e Angola, distribuído pela Lira Filmes.
SinopseO filme investiga o significado da palavra saudade em viagens por países de língua portuguesa.


COMO VOCÊ ME VÊ?
Documentário brasileiro dirigido por Felipe Bond.
SinopseO filme mostra uma realidade que as massas não conhecem e explora as questões que permeiam a profissão do ator no Brasil, quando separada do glamour, formando um mosaico diversificado e compreensivo de um país com tantas contradições.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Me Chame Pelo Seu Nome -- Cinema com Rapadura

ME CHAME PELO SEU NOME é um filme sensacional, um presente para espectadores românticos que consideram justa toda forma de amor. O filme estreia amanhã nos cinemas brasileiros, mas a minha crítica já está disponível no Cinema com Rapadura (clique aqui para ler). Vale lembrar que o longa é um dos principais para o Oscar que se aproxima!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Estreias da semana -- 11/01/2018

A semana tem duas estreias cujas críticas já estão disponíveis por aqui!


O TOURO FERDINANDO
Animação da Fox.
Sinopse: Ferdinando é um touro gigante com um grande coração. Depois de ser confundido com um animal perigoso, ele é capturado e arrancado de sua casa. Determinado a voltar para sua família, ele se une a uma equipe desajustada nessa grande aventura.
Pré-conceito: bonitinho, mas ordinário.


SAILING BAND
Apesar do nome, é um documentário brasileiro.
Sinopse: Quando uma banda tem uma turnê marcada pelo Caribe, um documentarista acompanha o grupo para registrar a jornada.
Pré-conceito: interesse restritíssimo.


LOU
Biografia alemã distribuída pela Cineart.
Sinopse: A escritora e psicanalista Lou Andreas Salomé, no fim do século XIX, vive de forma livre e contestadora. Suas ideias e atitudes seduzem as mentes mais brilhantes da sua época, como os filósofos Paul Rée e Friedrich Nietzsche, o psicanalista Sigmund Freud, o poeta Rainer Maria Rilke, além do jovem filólogo Ernst Pfeiffer. Auxiliando Lou nos registros das suas memórias, ele também acaba se apaixonando por ela.
Pré-conceito: apesar de não ter nenhum atrativo especial no argumento, pode ser interessante. Aliás, ruim não parece ser.


O MOTORISTA DE TÁXI
Drama sul-coreano distribuído pela California Filmes.
Sinopse: Um taxista de Seul recebe uma proposta de um repórter estrangeiro que consiste em transportá-lo para Gwangju. No local, o taxista descobre uma realidade que ainda não conhecia: a ditadura militar na Coreia, quando centenas de civis foram massacrados pelo governo.
Pré-conceito: pode ser bom.


O ESTRANGEIRO
Já tem crítica minha, que pode ser lida clicando aqui.


O DESTINO DE UMA NAÇÃO
Também já tem crítica minha, que pode ser lida clicando aqui.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O Destino de uma Nação -- O destino de Gary Oldman

O DESTINO DE UMA NAÇÃO é um caso raro em que tanto o nome em português quanto o original - "Darkest Hour" (em tradução livre, "hora mais escura") - servem igualmente para sintetizar a ideia de um filme. Trata-se de um longa que, através de um recorte histórico-espacial específico, mostra os bastidores da Segunda Guerra Mundial, enaltece uma de suas personagens e, enquanto produção cinematográfica, provavelmente tem por escopo dar um Oscar a um ator inegavelmente gabaritado.

Do ponto de vista cronológico, a película se passa em maio de 1940, preocupando-se em expor a política britânica interna e externa durante esse período, através daquele que foi um dos maiores nomes quiçá da história da política britânica, Winston Churchill. Em se tratando de um momento bélico, é evidente que, ao assumir o cargo como Primeiro Ministro, o desafio é imenso. Porém, o que pode surpreender é que a tarefa é mais ingrata que parece e o ambiente é muito mais conturbado do que o senso comum indica: a Guerra parece perdida e o Parlamento não dá muito apoio ao novo líder.

Na verdade, uma novidade do filme, que não é exatamente original, mas também não é comum na sétima arte (havendo precedentes na literatura e até mesmo em jogos) é que faz pensar na realidade virtual em que a Inglaterra tivesse acertado um acordo de paz com a Alemanha - nesse caso, como estaria o mundo hoje? No longa, Churchill insiste em um discurso de luta, enquanto seus adversários políticos internos preferem tentar um diálogo com Hitler, buscando negociar um acordo, benéfico para ambos, que trouxesse a paz. A Itália de Mussolini, inclusive, seria a intermediária das tratativas. Evidentemente, a história tem os registros expondo como tudo se sucedeu, o que não exclui, todavia, a elucubração sobre as hipóteses alternativas.

O responsável por encarnar Winston Churchill é Gary Oldman, superestimado nesse papel específico, pois não é seu melhor trabalho, não é a melhor interpretação cinematográfica dessa figura histórica (ainda é preferível a atuação de Brian Cox em "Churchill", que já teve crítica há não muito tempo!) e não há nada grandioso no que ele fez. É provável que Oldman ganhe o Oscar pelo papel, o que não será injusto pela ausência de concorrentes mais hábeis indicados (até agora, não surgiu nenhum grande nome cotado, exceto, talvez, Daniel Day-Lewis, no que seria sua quarta estatueta) e por ser um reconhecimento em razão da admirável carreira. Ou seja, não será nenhum absurdo. Porém, comparando-se com a cerimônia de 2016, em que concorriam Leonardo DiCaprio por "O Regresso" (que venceu) e Eddie Redmayne por "A Garota Dinamarquesa", dois trabalhos que são infinitamente superiores, fica claro que Gary Oldman não fez nada fenomenal em "Darkest Hour". Foi uma boa interpretação, mas não histórica.

A bem da verdade, o que mais chama a atenção no Churchill de Oldman são elementos externos à atuação, em especial a maquiagem, em que a equipe usou implantes no rosto do ator, já que ele é muito mais magro que o interpretado. Apesar de impressionante, ficou realista e a indicação na categoria respectiva é praticamente certa. Artefatos como robes, chapéus, ternos (figurino) e, claro, charutos (essenciais!!) também se fazem presentes, mas sem destaque. Os robes, por sinal, se coadunam com a visão bem-humorada que o filme dá à personagem, que faz piadas sobre a velhice da esposa, sobre a relação entre fezes e seus afazeres etc.. É uma perspectiva bem menos ranzinza que no já citado "Churchill", muito mais leve e mais alegre.

Outra diferença, no caso, prejudicial, em relação ao longa mencionado, é que sua esposa tem um papel diminuto. Clementine Churchill é uma personagem quase prejudicial à narrativa de "O Destino de uma Nação", já que não lhe acrescenta praticamente nada, como em uma cena de desabafo em frente ao espelho, absolutamente inútil. O que é prejudicial é que o filme poderia ser um pouco mais curto, não retirando essa personagem, mas usando-a melhor. Kristin Scott Thomas está lá apenas para constar nos créditos. Diferente de Ben Mendelsohn, que vive um imponente Rei George VI, em versão absolutamente distinta daquela de Colin Firth em "O Discurso do Rei". Mendelsohn dá ao papel certa arrogância, é um perfil mais pomposo, o que não é necessariamente ruim, mas rompe com a imagem cinematograficamente vista há não muito tempo. Também no elenco está Lily James, em participação discreta, mas correta.

O longa é dirigido por Joe Wright, responsável pelos bons "Orgulho e Preconceito", "Desejo e Reparação", pelo ótimo "Anna Karenina" e pelo péssimo "Peter Pan". Como de costume em sua filmografia, o que há de melhor é a direção de arte, não apenas fiel do ponto de vista histórico, mas sempre deslumbrante, como nos cenários do Palácio de Buckingham. A trilha sonora abusa de músicas instrumentais que inspiram a sensação de triunfo e a edição de som coloca o som de um relógio para indicar a passagem do tempo para cada nova data, quando o filme didaticamente mostra o avanço temporal. A montagem é discreta, equivocando-se apenas no primeiro discurso de Churchill, sendo alternada para mostrar como esse discurso foi feito, simulando flashbacks. Além de desnecessário, o recurso reduz o impacto da cena. Nos momentos de discurso, normalmente no Parlamento, é possível ver melhor o esmero na fotografia, impecável, em especial, na iluminação (que talvez possa render uma indicação pela Academia).

Por fim, duas cenas merecem menção específica. A primeira é a que Churchill conversa ao telefone, em seu banheiro particular. Em determinado momento, o campo fica concentrado na imagem do protagonista ao centro, como se estivesse dentro de uma caixa, sem absolutamente nada ao redor, apenas a escuridão - mais ou menos como se estivesse em um local enterrado no subterrâneo, sem entrada ou saída (já que tudo ao redor fica preto). O que aparece é a sua "caixa" (seu banheiro) iluminado, apenas. A metáfora é belíssima, simbolizando que ele ficou encurralado. A outra cena é a do metrô, certamente um momento controverso, já que piegas e talvez um pouco difícil de comprar. É coerente com a diegese bem-humorada proposta, mas há um exagero.

Não muito depois de "Dunkirk", aparece um filme que começa um pouco antes da Operação Dínamo, explicando-a, ainda que de maneira lateral, por outra perspectiva. "O Destino de uma Nação" opta por ser mais político que bélico e enfoca mais nas pessoas que nos eventos. Como filme, há que se reconhecer aquele como melhor e mais completo, enquanto este é mais um bom filme de Segunda Guerra.
E o destino de Gary Oldman, qual será?

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O Estrangeiro -- Cinema com Rapadura

Estreia na próxima quinta-feira O ESTRANGEIRO, filme de ação com Jackie Chan e Pierce Brosnan. Mas a minha crítica já está disponível no Cinema com Rapadura, basta clicar aqui para ler!

The Square - A Arte da Discórdia -- Cinema com Rapadura

Confira, no Cinema com Rapadura, a minha crítica do magistral filme sueco THE SQUARE - A ARTE DA DISCÓRDIA, pré-selecionado para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2018 e vencedor da Palme d'Or no Festival de Cannes em 2018. Clique aqui para ler.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Estreias da semana -- 04/01/2018

A primeira semana do ano já tem dois filmes com crítica disponível aqui no Recanto! Começamos bem o ano, não é mesmo!?


VIVA - A VIDA É UMA FESTA
Animação da Disney.
SinopseAnimação sobre o Dia dos Mortos, feriado mexicano.
Pré-conceito: imperdível para quem gosta de animações.


JUMANJI - BEM-VINDO À SELVA
Já tem crítica aqui no Recanto!


THE SQUARE - A ARTE DA DISCÓRDIA
Comédia dramática indicada pela Suécia ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
SinopseChristian é um respeitado curador de arte que tenta desesperadamente atrair mais visitantes ao museu que dirige em Estocolmo. Quando seu celular é roubado, ele perde o controle de sua vida, afetando todos a seu redor e provocando consequências inesperadas.
Pré-conceito: imperdível.


120 BATIMENTOS POR MINUTO
Já tem crítica aqui no Recanto!


A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM
Clássico de 1967 com Dustin Hoffman no elenco que reestreou em alguns cinemas brasileiros.
SinopseApós se formar na faculdade, Benjamin Braddock retorna para casa. Indeciso quanto ao seu futuro, ele acaba sendo seduzido pela Sra. Robinson, uma amiga de seus pais. A relação se complica ainda mais quando o rapaz se vê forçado pelos pais a ter um encontro com a filha dela, Elaine.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

120 Batimentos por Minuto -- Humanidade englobada

Garantidamente, 120 BATIMENTOS POR MINUTO não é um filme para qualquer público, já que trata de questões que ainda são tabus (mesmo que sua história tenha ocorrido há quase trinta anos) e com uma abordagem bastante crua. Dito de uma maneira clara, não é um filme recomendável para a "família tradicional brasileira". Ideologicamente carregado e retratando o ativismo de uma causa que ainda é cercada por ignorância e preconceito - mas que ainda não deixou de ser um dos males contra os quais a humanidade luta -, o longa pode não agradar o cinéfilo de perfil conservador, o que, todavia, não lhe retira a grande qualidade. Nesse sentido, o Grand Prix recebido no Festival de Cannes 2017 deve ter algum significado, não é? (Foi também o indicado francês para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro)

O mote da película é a árdua luta contra a AIDS na Paris da década de 1990. Como se vê, há um recorte espaço-temporal bastante específico, o que significaria, em tese, tratar-se de um filme datado. Porém, não é esse o caso, já que envolve um vírus ainda cientificamente misterioso e leigamente recheado de ignorância. Em síntese, pouco mudou desde então, ao menos comparando com o Brasil de 2018.

Embora não seja ruim, o roteiro é narratologicamente mal construído ao nascer com um plot principal, que morre em determinado momento para fazer de um subplot o novo plot principal. A sinopse oficial relata que Nathan é um recém-chegado ao grupo ativista Act Up Paris, dedicado à prevenção e ao tratamento da AIDS. Engajando-se à equipe e às suas atividades, o jovem logo se encanta com a dedicação de Sean, ativista mais experiente. É fácil perceber que existem duas personagens principais: de um lado, a Act Up Paris (e seus ativistas); de outro, o arco dramático de Nathan e Sean. A despeito de um pouco concomitantes em uma parte da película, chega um momento em que a Act Up Paris é completamente esquecida para que o foco fique nos dois - tornando-se um roteiro bastante clichê nessa parte, vale ressaltar -, havendo quase dois filmes em um, o que resulta também em um problema de duração do longa, que, com o perdão do trocadilho, fica demasiadamente longo. Essa não é a única produção recente que peca pelo alongamento excessivo (menos é mais!): meia hora a menos lhe faria bem.

Existe ainda subplots mal explicados, como o do estado de saúde de um dos ativistas (mencionado apenas em dois momentos, podendo, nesse caso, ser retirado sem perda substancial no produto final) e a inimizade gratuita entre Sean e o líder do grupo. Por outro lado, a proposta de reflexão quanto à metodologia de ativismo é pungente: diante da urgência, é melhor enfrentar as instituições inertes/passivas/lentas/contraproducentes através do diálogo ou da agressão verbal/física? A resposta óbvia é: o diálogo é a melhor solução, sempre. A questão, no entanto, é mais complexa, tendo em conta que existiam vidas em jogo e que, aparentemente, algumas entidades eram tão morosas que beiravam à indiferença. Na sociologia, algumas correntes apontam que a revolução social só ocorre através da luta. Ou seja, naquele caso específico, talvez tentar dialogar não fosse, de fato, o caminho ideal - o que não significa, tampouco, que as atitudes do grupo foram as melhores. A ideia é justamente pensar sobre isso.

O filme tem um elenco que consegue ser minimamente representativo: embora a maioria seja de homens, jovens, brancos e cisgêneros, existem no Act Up Paris também mulheres (uma delas mais madura), ao menos um negro, descendentes de árabes e ao menos uma transexual. É certamente a dupla Nahuel Perez Biscayart e Arnaud Valois que domina os holofotes: o primeiro é o enérgico Sean, cuja fragilidade é exposta aos poucos; o segundo é o introspectivo Nathan (que chega a levantar as mãos antes de se manifestar, enquanto os outros "se atropelam" sempre nas falas), de dedicação ímpar e beleza que chama a atenção dos colegas. Não se pode afirmar que existe uma química entre os dois porque, enquanto Sean é sempre apático, Nathan exibe carisma: nessa proposta, ambos vão muito bem.

O experiente cineasta Robin Campillo é indubitavelmente o autor da película, responsável pelo roteiro, pela direção e pela montagem. Na montagem, o uso dos raccords após as baladas é bastante inventivo e original, em especial na transição da balada para uma cena de sexo - é um momento delicado, lento e realista, não havendo um viés de soft porn desde que se olhe para o cinema enquanto expressão artística. Ainda sobre a montagem, a sequência final é brilhante nesse quesito. Há que se dizer que realismo é o que não falta ao longa, da sua nudez explícita em cenas de sexo e seus detalhes sexuais (por exemplo, o dilema uso de camisinha versus dificuldade de ereção durante a relação sexual) até a irresponsabilidade de algumas autoridades (como diretores de escolas) em relação à AIDS (que, ignorando a realidade, preferem não dar preservativos aos alunos adolescentes, com o argumento que isso estimularia a prática sexual, ignorando que, na realidade, eles já o fazem).

É necessário admitir que talvez Campillo tenha sido explícito em demasia, olvidando a arte da sugestão. Não que sexo e nudez sejam um problema, muito menos entre dois homens - afinal, existem incontáveis filmes mostrando sexo heterossexual e nudez feminina, o que nunca incomodou parcela do público. A questão é que o filme é feito inteiro para chocar, como em seu arrebatador desfecho. É verdade que até existem sutilezas - como um homem, em um trem, que se levanta e se afasta, fazendo expressão de desprezo, ao ver um casal gay se beijando (o que não é diferente no Brasil de 2018) -, mas, no geral, não há subtexto ou mensagens subliminares. Quando os manifestantes do Act Up Paris jogam um líquido que simula sangue em um de seus atos, sendo capturados pela polícia, o diretor coloca a cena em slow motion em alguns momentos, enfatizando o sangue e a queda durante a abordagem policial, fazendo aquilo parecer um massacre maior do que já é (quase uma abordagem sensacionalista. O sangue falso já era eloquente o suficiente.

Ressalte-se, contudo, a eficácia do filme em passar a sua mensagem, a despeito de uma ou outra opção equivocada - notadamente relativa à sua narrativa, à sua duração e ao exagero simbólico. O uso de narração intradiegética é um exemplo: quando Nathan e Sean compartilham suas experiências - o primeiro, ao falar de seu primeiro amor; o segundo, ao revelar como adquiriu o vírus -, o longa ganha em pessoalidade (em relação às personagens) e transmite histórias concretas sobre o tema principal. Outro exemplo é que, apesar de as personagens principais serem homossexuais, o longa não olvida a situação de pessoas que se contaminaram por outras vias (estariam em outros grupos), como os drogaditos, também defendidos pelo Act Up Paris.

"120 Batimentos por Minuto" não é um filme moralista, não é tradicional em nenhum sentido e tem um público provavelmente restrito. É um público que não vê problema em cenas de sexo entre dois homens, com um pouco de nudez entre eles. Um público que compreende que AIDS e homossexualidade não são sinônimos. E que percebe que o interesse na causa é social e despido de preconceitos e ressalvas. O "nada contra, mas..." fica descartado: só assim a humanidade fica englobada.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

RETROSPECTIVA: os melhores e os piores de 2017

Como já é costume aqui no Recanto, ao invés de fazer uma retrospectiva no final do ano, o RANKING DOS MELHORES E PIORES FILMES DE 2017 é feito no começo de 2018. Inclusive porque, dessa vez, um dos filmes foi visto bem no final.

Antes, porém, é necessário estabelecer algumas premissas.:
- há um link para redirecionamento da crítica do filme respectivo (evidentemente, dos que tiveram crítica escrita por mim, publicada aqui ou no CcR);
- trata-se de um ranking pessoal, logo, inclui apenas os filmes que este crítico assistiu em 2016, o que exclui pérolas como "Transformers 5: O Último Cavaleiro" e o tupiniquim "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola" (hors concours);
- ao contrário do que ocorreu antes, serão considerados os filmes lançados comercial e oficialmente no circuito cinematográfico brasileiro e também no sistema de streaming, portanto, a Netflix, que vem inegavelmente ganhando força, poderá estar no ranking;
- o critério não leva em conta apenas a nota dada na crítica (caso a crítica tenha nota), já que essa matematização é ainda mais irrelevante para fins comparativos, servindo, no máximo, para alguma noção mínima relativa à qualidade geral do filme;
foram excluídos os indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2017, por duas razões. A primeira delas é que esses filmes já estão muito difundidos entre o público brasileiro, já que a indicação da Academia dá bastante visibilidade. A segunda razão é que, se chegaram a esse patamar, sua qualidade é praticamente inquestionável, inclusive escapando ao propósito da lista. Por outro lado, potenciais indicados ao Oscar de 2018 poderão constar no ranking.


MELHORES FILMES DE 2017
Por quê? A direção é fenomenal ao coreografar as cenas de ação de acordo com a música. É um blockbuster diferenciado, jovial e feito para quem gosta de adrenalina - apesar do roteiro deixar a desejar.

9º) ATÔMICA
Por quê? Mais um filme de ação que, se decepciona no roteiro, é fenomenal em todo o restante. Conforme eu previa, acabou sendo o melhor filme de ação da temporada: há um plano-sequência tão magnífico que justifica o filme inteiro.
Em tempo: por ser mais maduro no plot, "Atômica" vence "Baby Driver". A trama é mais complexa e evita o clichê do herói e do romance padrão.

8º) A CRIADA
Por quê? Simplesmente porque é mais um filme de Park Chan-wook, cineasta responsável pelo incomparável "Oldboy" e que traz mais uma obra excelente. E mais um plot twist.

7º) A GUERRA DOS SEXOS / OKJA
Por quê? Raro empate técnico entre dois filmes ideológicos. "A Guerra dos Sexos" consegue ser didático no discurso sobre feminismo e igualdade de gênero, sem se tornar enfadonho ou fazer disso uma bandeira nos moldes tradicionais - ao contrário, dá um viés suavemente cômico e, ainda assim, leva à reflexão. Genial! Isso tudo sem contar atuações soberbas de Emma Stone e Steve Carrell. Por sua vez, "Okja" tem um discurso ideológico menos incisivo, todavia, é mais tocante em momentos pontuais. Apesar da narrativa previsível, é mais original no enredo e tem ótimos efeitos visuais. Duas propostas distintas e igualmente eficazes, cada uma à sua maneira.

Por quê? É o encerramento sensacional de uma trilogia espetacular. Roteiro, direção, atuações, efeitos visuais, tudo é tão bom que é um filme obrigatório para qualquer cinéfilo.

5º) O ESTADO DAS COISAS
Por quê? É uma grata surpresa ver Ben Stiller atuando bem e fazendo o público refletir sobre a desnecessidade do constante questionamento do porquê de a grama do vizinho ser sempre mais verde. Sem muitos recursos cinematográficos exceto texto e atuação, o longa cutuca a ferida: por que temos essa necessidade de comparação com outras pessoas? Por que sempre achamos que os outros são felizes? Por que o que é exposto nas mídias sociais corresponde à realidade? Por que estamos sempre insatisfeitos com o que temos? Por que é essa a condição humana?

Por quê? Nostalgia com menos escatologia (que o primeiro filme), Danny Boyle mostra como se faz cinema de qualidade, unindo técnica, originalidade e entretenimento.

3º) THELMA
Por quê? Porque é um filme inteligente, diferenciado, sem igual. Talvez não seja inesquecível, mas é corajoso, arrojado e desafiador em relação aos padrões conservadores - sociais e cinematográficos. Isso é arte, ou melhor, isso é boa arte.

2º) CORRA!
Por quê? Original e criativo, o longa deu o que falar em 2017 - e não foi por sua indicação na categoria comédia no irrelevante Globo de Ouro. Trata-se de um longa que subverte as noções de gênero ao criticar o racismo em um roteiro muito sagaz. Não existe filme igual a esse.

1º) MÃE!
Por quê? É simplesmente brilhante.

MENÇÃO HONROSA: TRAINSPOTTING: SEM LIMITES
É um clássico, portanto, obrigatório para qualquer cinéfilo. Está disponível na Netflix já há algum tempo.


PIORES FILMES DE 2017
10º) A GRANDE MURALHA
Por quê? Não é necessário roteiro quando se tem uma grande estrela (Matt Damon), ainda que atuando mal (como de costume) e muito uso de tela verde.

9º) BAYWATCH
Por quê? Humor descerebrado e paradigma machista juntos. Nem Dwayne Johnson salva.

Por quê? Mais um filme sem roteiro. Nem Halle Berry salva.

Por quê? O que é pior: não ter roteiro, ou ter um roteiro ruim? Nesse caso, o roteiro é piegas e machista. Para agravar, não há o carisma de Dwayne Johnson, nem o esforço de Halle Berry, mas a "canastrice" de Gerard Butler.

6º) BRIGHT
Por quê? Como justificar um filme em que apenas o trabalho de maquiagem e penteado é realmente bom (ainda assim, com uma ressalva)? E a Netflix ainda quer uma continuação...

Por quê? Serve para corações de manteiga que se deixam levar por histórias tristes na superfície (mas que, no fundo, são mais rasas que um pires) interpretadas por um elenco experiente (mas que não necessariamente atua bem na produção). Enxergando rigorosamente, o filme é muito ruim.

Com mais um filme no top 10, Will Smith pediria música no Fantástico?

4º) MAX STEEL
Por quê? Consegue ser pior que os filmes de jogos!

3º) OS BELOS DIAS DE ARANJUEZ
Por quê? Insuportavelmente moroso e niilista, uma tortura!

Por quê? O filme se esforça para ser ruim, tendo êxito incomparável!

Por quê? De concepção à execução, tudo é horrível. Pior é saber que tem fãs que defendem essa atrocidade!