segunda-feira, 5 de junho de 2017

Z - A Cidade Perdida -- Nat Geo no cinema

O nome Percy Fawcett pode ser desconhecido, contudo, ele pode ter descoberto uma civilização bastante antiga em plena floresta amazônica. É a sua empreitada que Z - A CIDADE PERDIDA tentou retratar.

Inicialmente, o protagonista é recrutado pelo seu governo para uma tarefa bem mais simples: um levantamento topográfico para mapeamento na fronteira entre Bolívia e Brasil (a pedido dos dois Estados, que precisavam de um terceiro para intermediar o conflito fronteiriço). Porém, o major acaba encontrando indícios de uma civilização antiga no local - aliás, um local onde poucos estiveram antes (nenhum homem branco) -, ficando fascinado e encontrando naquilo a missão da sua vida.

E por que o major Fawcett aceita a missão inicial? Sua motivação é bastante explícita: para restaurar a honra da família. A narrativa se passa no início do século XX, em um momento em que ele era politicamente irrelevante, enxergando no trabalho amazônico a chance de expurgar a sujeira que seu pai havia colocado no nome da família, bem como a catapulta para a ascensão social - o que era almejado por qualquer pessoa naquela época. A necessidade de abandonar a família para talvez nunca voltar simboliza um efeito colateral inafastável.

Licença poética ou não, a família de Fawcett é dotada de bastante personalidade. Seu volúvel primogênito ganha importância no terceiro ato, vivido pelo Spiderman Tom Holland. Já Nina Fawcett é interpretada com destreza por Sienna Miller em uma de suas melhores atuações. Considerando a época em que a narrativa se passa, é de se esperar um papel bastante passivo e desimportante. Grande equívoco: Nina é moldada como uma mulher brava, ainda que romântica e devota ao marido, capaz de insistir pela igualdade de direitos sem olvidar seu amor por Percy. Possivelmente um exagero enriquecedor do roteiro, tornando Nina Fawcett uma mulher muito à frente de seu tempo, capaz de se decepcionar pelo machismo do marido, capaz de argumentar que também tem condições de se aventurar pela floresta, mas também capaz de apoiá-lo incondicionalmente. Sienna Miller não é uma grande atriz, mas entendeu o que era necessário para dominar o papel.

Percy Fawcett também tem uma personalidade fascinante e serve com facilidade para o protagonismo proposto. Ao contrário de seus conterrâneos, que satirizam a hipótese de "selvagens (indígenas) na Abadia de Westminster", Fawcett fica encantado com a cultura indígena e com tudo que lá pode aprender. Charlie Hunnam foi uma escolha acertadíssima para o papel: o ator ainda tem muito a provar em Hollywood, todavia, no cinema, é este o seu melhor papel. Magérrimo, Hunnam toma para si o deslumbre de Percy pela Amazônia e seus segredos, confundindo-se na personagem. O figurino ajuda na questão da roupa: em Londres, ele usa um vestuário pesado com muitos casacos; na América do Sul, poucas roupas, bem largas. Sua dedicação, contudo, é visível, não apenas pelo suor real decorrente do calor amazônico com o qual ele certamente não está acostumado, como também pelo empenho em tornar tudo aquilo verossímil, talvez por ideologia por simpatizar com a história.

E esse empenho foi por toda a produção, pois a filmagem nos cenários reais da Amazônia boliviana permite a imersão do espectador na floresta, ao mesmo tempo em que concede a almejada verossimilhança - mesmo que tenha dificultado os trabalhos, pois filmar naquele local certamente não deve ter sido fácil. À fotografia amarelada da Irlanda que aparece no início e à Londres cinzenta do segundo ato contrapõe-se a riqueza natural de uma floresta que não foi à toa que seduziu o major Fawcett - e também seu fiel escudeiro Henry Costin, interpretado por um Robert Pattison que enfim se rende a um papel menor e que talvez tenha encontrado seu habitat.

A direção razoável de James Gray não chama a atenção para o bem, tampouco para o mal, exceto talvez pelo árduo trabalho nas locações reais (em detrimento da preguiça do CGI, felizmente ausente). Merece menção a direção de arte modesta, perceptível na cena de baile, logo no início. Vale dizer, tudo que o filme tem de melhor e de pior reside no roteiro: conforme já foi mencionado, o protagonista tem personalidade forte e suas motivações são bem expostas. A ausência de linearidade e a fuga dos três atos óbvios são trunfos, surgindo até mesmo uma espécie de vilão com um arco dramático breve. Tudo que se pode imaginar está lá, de escravagismo a canibalismo, de animais perigosos a contato com indígenas.

Porém, o filme é longo e um pouco cansativo, até mesmo pela ausência de perspectiva quanto ao encerramento, que, por sua vez, pode deixar a desejar por fugir um pouco do tradicional. Mais do que longo, parece alongado e achatado de maneira desnecessária, carecendo de uma montagem mais dinâmica e acelerada e cenas de maior aventura. A proposta permite mais aventura; entretanto, em alguns momentos, James Gray parece estar dirigindo um documentário para o National Geographic Channel, com um corajoso explorador desvendando mistérios e descobrindo uma tribo indígena reclusa em um local inexplorado. Quase uma traição à própria premissa! Em tese, o filme é uma ficção baseada em fatos reais. Não é isso todo o tempo. Talvez Gray não saiba, mas, para ver Nat Geo, não é preciso ir ao cinema.

Um comentário:

  1. O filme é bom, sobre tudo amei muito ver o trabalho de Tom Holland. Na minha opinião Homem aranha de volta ao lar foi um dos melhores filmes de ação que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio, em o Novo filme do Homem Aranha Tom Holland faz um excelente trabalho como ator. Não tem dúvida de que Tom Holland foi perfeito para o papel de protagonista.

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