terça-feira, 3 de novembro de 2015

O último caçador de bruxas -- Um filme dispensável

Não é nada fácil criar um universo fantástico convincente no cinema. Não raras vezes, os estúdios preferem apostar numa adaptação de livro que num roteiro original, tamanho o risco presente nesse caso. No entanto, na maioria das vezes - e nas duas hipóteses -, o resultado é pífio e descartável. "O último caçador de bruxas" não é exceção.

Em termos de elenco, o principal nome é Vin Diesel, o que, evidentemente, é o primeiro - ainda que inafastável, pois ele é também o produtor - equívoco grave. É fato notório que Diesel é um péssimo ator, conseguindo reproduzir apenas um (e um único) papel, nos moldes do seu batido Dominic Toretto. Kaulder, protagonista de "O último caçador de bruxas", nada mais é que um Toretto mais experiente - ou nem tanto, pois sequer a sabedoria de alguém de mais de 800 anos conseguiu ser reproduzida. Se Diesel, em razão do seu porte, finge ser um ator nas cenas de ação, é nas de drama que ele comprova sua incapacidade. Não se pode olvidar que o roteiro não dá brecha para um aprofundamento da personalidade de Kaulder, mas as poucas cenas um pouco mais complexas (em especial no que se refere à perda da família e os malefícios do não envelhecimento) escancaram que foi colocado um "canastra" para carregar o filme nas costas. E caberia a ele carregar o filme nas costas porque o elenco de apoio tem espaço minúsculo: Michael Cane sujou seu currículo ao abraçar o projeto, para sua sorte, em poucas cenas, o que evidentemente não lhe exigiu dedicação (fato visível); Elijah Wood faz uma personagem nada convincente (culpa do roteiro); Rose Leslie é a única que se salva como Chloe, a bruxa "boazinha". O clichê da paixão entre o grosseiro protagonista e a quase anti-heroína Chloe não foi adotado, o que não é um fator positivo, pois a união (talvez fosse melhor falar em aliança) dos dois soa artificial demais.  De uma gananciosa e ególatra, Chloe se transforma em bruxa altruísta e corajosa. Bom se fosse assim com todas as pessoas, não? Leslie mostra talento, tem asas para voar, mas a gaiola em que se encontra é a de um roteiro fajuto.

Com franqueza, não é exagero afirmar que, em "O último caçador de bruxas", não se salva nenhum elemento cinematográfico, pois não há nada de eficazmente positivo a ser destacado. Tentar pescar algo mais interessante seria perda de tempo, pois a obra serve como pretexto para tentar criar uma nova franquia para enriquecer ainda mais Vin Diesel, mediante uma narrativa absurdamente rasa e efeitos desnecessários. Trata-se, pois, de um filme dispensável, vez que tudo é ruim, da atuação ao roteiro, da direção (caótica, a considerar o resultado) ao design de produção (originalidade zero), dos efeitos visuais (locais sombrios e muito computador) aos sonoros (exageradamente básicos). Como nada é tão ruim que não possa piorar, há quem vislumbre a concretização do objetivo inicial, qual seja, o de criar uma nova franquia. Será um atentado à sétima arte.

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